Resumo executivo
O problema
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é uma condição muito prevalente nos países ocidentais, acompanhada por uma diminuição da qualidade de vida, morbidades cardiovasculares e metabólicas, entre outras. A polissonografia noturna (PSG) monitora diferentes sistemas corporais durante o sono e é usada de forma padrão para determinar a presença e a gravidade da AOS.
As discrepâncias substanciais entre os resultados da PSG e a presença de comorbidades sugerem a existência de diferentes fenótipos da doença. Esses fenótipos, ainda não estabelecidos, poderiam ser identificados por meio da informação conjunta de características sociodemográficas, clínicas e antropométricas, além daquela extraída dos diversos sinais biomédicos noturnos registrados durante a PSG.
Entre a região Norte de Portugal e Castilla y León, o número de pacientes diagnosticados com AOS ascende, aproximadamente, a um total de meio milhão. No entanto, a AOS é uma doença subdiagnosticada, estimando-se que o número real de pacientes seja o dobro
A fenotipagem da AOS nunca foi realizada de forma protocolada na prática clínica, deixando, portanto, espaço para melhorias na personalização do serviço de saúde prestado.
A identificação de novos fenótipos da AOS é possível por meio da combinação de variáveis sociodemográficas e antropométricas com uma análise aprofundada dos sinais noturnos registrados durante a PSG.
¿É possível definir um protocolo clínico para a busca automática de fenótipos da AOS que combine a informação derivada da análise dos dados da PSG com variáveis demográficas, clínicas e antropométricas?
Objetivo principal
O objetivo geral do projeto consiste em dinamizar uma rede I+D+i colaborativa transfronteiriça para a coleta e análise das informações necessárias para definir novos fenótipos clinicamente úteis da apneia obstrutiva do sono associados a diferentes morbidades.
Objetivos específicos
Obter os dados clínicos, demográficos e antropométricos, assim como os registros de sinais polissonográficos dos indivíduos participantes no estudo.
Para realizar a coleta dos dados dos participantes, os quatro membros do consórcio colaborarão seguindo uma estratégia de amostragem que busca garantir a participação de um total de 600 sujeitos (50% em Porto e 50% em Valladolid).
Avaliar os dados clínicos, demográficos e antropométricos, assim como os registros de sinais polissonográficos para sua caracterização, atendendo aos diferentes grupos de AOS.
Serão obtidos os perfis dos participantes a partir dos dados recolhidos, por um lado, através da análise dos dados clínicos, demográficos e antropométricos, e por outro, através do processamento e caracterização dos sinais polissonográficos.
Definir novos fenótipos clinicamente úteis da apneia obstrutiva do sono associados a diferentes morbidades e graus de eficácia do seu tratamento.
Serão definidos novos fenótipos da AOS que proporcionem um tratamento melhor e mais eficaz, personalizado e adaptado a cada paciente, por meio de três ações: i) a identificação das características mais úteis para a fenotipagem baseada apenas nas informações clínicas, demográficas e antropométricas; ii) a determinação das características mais úteis para a fenotipagem baseada apenas nas informações derivadas dos sinais polissonográficos; e iii) a identificação de fenótipos com base nas características que tenham sido determinadas com maior relevância nas duas primeiras ações.
Projetar a ferramenta automática para identificar o fenótipo específico de cada paciente, auxiliando no diagnóstico da RD
Será realizado o design da ferramenta automática para identificar o fenótipo específico de cada paciente, com base na combinação das informações clínicas, antropométricas e demográficas, juntamente com os sinais polissonográficos.
Analisar os resultados obtidos e extrair conclusões
Será realizada uma avaliação integral dos resultados obtidos, com especial atenção à viabilidade da transferência das ações derivadas do projeto, análise das características da fenotipagem integral e das ferramentas diagnósticas na prática rotineira.
Consórcio
O Grupo de Engenharia Biomédica (GIB) da Universidade de Valladolid é um grupo de pesquisa formado principalmente por engenheiros e médicos de diferentes especialidades (pneumologia, oftalmologia, neurologia, neurofisiologia e psiquiatria), que trabalham conjuntamente em diversas linhas de pesquisa. Em particular, possui uma ampla experiência na análise de sinais polissonográficos para auxiliar no diagnóstico da AOS. Os múltiplos projetos nos quais tem participado e sua crescente produção científica de alto impacto atestam a grande capacidade investigativa do grupo.
Gonzalo C. Gutiérrez Tobal
Professor Permanente Laboral
Javier Gómez Pilar
Professor Contratado Doutor
A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) é uma das instituições de ensino superior portuguesas de maior prestígio nacional e internacional. A FMUP tem dado suporte a 250 ensaios clínicos e produzido mais de 6000 artigos em revistas indexadas na Web of Science. Em seu interior está a unidade de I+D Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS), com vasta experiência na análise de dados clínicos, demográficos e antropométricos de pacientes com AOS.
Pedro Pereira Rodrigues
Co-investigador principal do CINTESIS
Daniela Ferreira Santos
Co-investigador principal do CINTESIS
La Gerência Regional de Saúde de Castilla y León (GRS) é o organismo responsável por gerir os serviços de saúde pública e atenção sanitária na comunidade autónoma de Castilla y León. Entre suas principais funções está fomentar a pesquisa científica e a aplicação de novas tecnologias no âmbito sanitário. É o pilar fundamental para a prestação de serviços públicos de saúde em Castilla y León, garantindo o bem-estar e a saúde de seus cidadãos. Da mesma forma, o Hospital Universitário Río Hortega (HURH) conta com meios técnicos adequados para o projeto, como laboratórios e unidade do sono.
Tomás Ruiz Albi
Chefe da Unidade de Pneumologia do HURH
O Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ) é um centro de referência nacional em 15 áreas distintas e membro de 7 redes europeias de referência. Seus profissionais participam em estudos de pesquisa clínica, epidemiológica e de laboratório, em conformidade com as boas práticas clínicas e a legislação vigente. Seus membros possuem ampla experiência no diagnóstico da AOS e na manifestação clínica de diferentes subgrupos dentro da doença.
Marta Drummond
Pneumologista do CHUSJ
